segunda-feira, 25 de maio de 2009

Entrevista com Rafael Schnell

Em entrevista, à Educatec Blog Spot, Rafael Schnell,24 anos, artista 2D, fala um pouco sobre o mercado promissor dos games e as vantagens por ele oferecidas no contexto atual.

Educatec - Há quanto tempo você atua no mercado dos games e onde trabalha atualmente?

Rafael - Trabalho no mercado dos games há 2 anos, há um ano trabalho na Hoplon Infotainment.

Educatec - Como você fez para chegar nesta área pretendida, já que antes não havia cursos aqui em SC?

Rafael
- Na verdade os cursos existem. Em uma empresa de games é possível encontrar diversas áreas como programadores, design e administração, por exemplo, mas cabe a você direcioná-los a seu objetivo, Jogos.

Educatec - O que deve ter um profissional para atuar neste mercado?

Rafael - Gostar de games é essencial, todo o tipo, assim como sempre estar por dentro das novidades do mercado, criatividade, dedicação e estudo. Sempre.

Educatec - Qual a sua opinião a respeito dos cursos de jogos eletrônicos que estão surgindo no mercado? Os cursos preparam o aluno para o mercado de trabalho?

Rafael - Os cursos de jogos eletrônicos por aqui são novidades, e a carência de profissionais envolvidos na área para preencher essa demanda de colaboradores de uma determinada instituição é o que pode prejudicar ou conduzir de uma forma errada a formação de um aluno. No entanto, é um problema que pode ser corrigido em pouco tempo, devido à procura por essa área e ao crescimento do mercado. Quanto mais esses cursos estiverem disponíveis, mais profissionais capacitados surgirão. O que hoje de fato falta no mercado brasileiro. Vale lembrar que nenhum curso por si só prepara um aluno para o mercado de trabalho, a base é dada, sendo apenas uma pequena ideia do que acontece, mas o aluno deve assumir a responsabilidade de ir além, pesquisar e saber mais, procurar estágios durante os cursos e se especializar.

Educatec - Que tipo de conhecimento é proporcionado ao aluno nestes cursos?

Rafael - Você acaba aprendendo de tudo um pouco. Como uma empresa de games se divide em diversos setores o curso acaba, de certa forma, abrangendo todos eles. Mas em geral são voltados para programação de jogos.

Educatec - Há campo de trabalho em SC neste setor?

Rafael - Existe e muito. A cada ano dados coletados através de pesquisas nesse setor nos mostram um crescimento exponencial. É um grande pólo que vem recebendo cada vez mais destaque, incluindo investimentos tanto públicos e privados, o que vem atraindo a atenção de muitas empresas consagradas do exterior como a Ubsoft instalada em São Paulo, ano passado que comprou uma das maiores desenvolvedoras independentes do Brasil, no Rio Grande do Sul e tantas outras que especulam explorar esse mercado em expansão por aqui.

Educatec - Como está caminhando a indústria de eletrônicos e games no Brasil? O que precisa para que ela ganhe mais mercados e se torne melhor?

Rafael - Em poucos anos o mercado brasileiro mudou o seu ponto de vista em relação a games. O que a menos de dez anos atrás, para os investidores era considerado uma brincadeira de criança, hoje em dia é vista como uma ótima fonte de investimento. Aos poucos ganhamos credibilidade, graças as diversas empresas que se arriscaram durante esses últimos anos mostrando que era possível desenvolver jogos no Brasil. O sucesso que os games fazem lá fora, que hoje só perde para a indústria do cinema, e ainda assim são mídias que começaram a trabalhar juntas é o que deve nos motivar. Desenvolver games definitivamente gera resultado. Acredito que estamos dando pequenos passos rumo ao caminho certo, é um caminho longo mas que outros países/empresas já seguiram e construíram a sua história. O Brasil no entanto precisa gerar muita mão de obra qualificada e aumentar o salário bruto médio dos perfis mais comuns dessas empresas, já que ela acaba perdendo muitos dos seus profissionais devido a propostas melhores no exterior.

Educatec - Você acha que faltam incentivos para este mercado expandir?

Rafael - Os incentivos começaram a aparecer, ainda que discretos. O governo estadual com ajuda de parcerias e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Sustentável investiram no projeto de incubadora Scgames. Senac e Senai também deram o seu apoio. Começaram a aparecer eventos de games, como a Gameway. Criou-se o primeiro Simpósio Santa Catarina Games que irá acontecer nos dias 5 a 7 de junho desse ano. Cursos superiores com foco em Jogos Digitais vieram atender essa carência que existia em Florianópolis e estamos no meio dessa expansão toda. Mas os incentivos ainda em grande parte surgem de associações e projetos privados, e nessa parte o governo brasileiro fica devendo, alguns projetos poderiam ser aprovados, como algumas diminuições de taxas para essas empresas.

Educatec - Os jogos proporcionam melhoras de aprendizado? Ou apenas proporciona o entretenimento?

Rafael - A história dos jogos sempre foi ligada ao aprendizado de certa forma. Hoje encontramos diversos tipos de jogos e cabe a quem procura um título desejar o quer daquele produto. Como um filme, você vai a locadora procurando por um filme de terror, já sabe que encontrará ali apenas entretenimento, caso contrario, procura por um documentário. No caso dos games, simuladores são utilizados atualmente por pilotos de formula 1, que desejam treinar antes de pegar um carro de verdade, conhecer o traçado da pista, e isso comprovadamente vem aumentando o desempenho na corrida. Simuladores de avião, usados para treinamento de pilotos de avião, e outros tantos usados até mesmo pelo exército para simular alguma situação de batalha e treinar suas tropas. Saindo dessa zona de simuladores, jogos casuais vem ganhando espaço no mercado e diversos títulos educativos já receberam destaque. Em jogos diferente de qualquer outra coisa, entretenimento e educação podem andar juntos.

Um comentário:

  1. Muito bom ler sobre o crescimento da industria brasileira. Nao apenas no numero de empresas e projetos em andamento mas tambem da formacao e consciencia dos desenvolvedores quanto a necessidade de estudo e aprendizado constante.

    A algum tempo ja nao trabalho mais na industria brasileira, mas fico feliz em saber que finalmente estao deixando de lado a mentalidade de "Fazer jogos e brincadeira de gente grande." Parabens Rafael pelas excelentes respostas.

    PS: Desculpem a falta de acentos, o teclado europeu nao ajuda muito...

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